Rio – O Brasil teve um desempenho preocupante na primeira metade do ciclo da Copa do Mundo de 2026. Em meio as tentativas frustradas de reformulação dentro e fora do gramado, com trocas de treinadores e crise interna na CBF, a seleção brasileira ficou refém dos talentos. Ou melhor, de um em específico: Neymar. O que já era ruim com o camisa 10, ficou pior na sua ausência.

Neymar sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior e menisco do joelho esquerdo em outubro do ano passado. A lesão gerou a expectativa pela passagem de bastão do camisa 10 para a nova geração, liderada por nomes como Vini Jr e Rodrygo, protagonistas do Real Madrid, da Espanha. Mas isso não aconteceu.

Sem Neymar, o aproveitamento da seleção brasileira despencou. No período sem a sua principal referência, o Brasil conquistou apenas quatro vitórias, cinco empates e três derrotas, além da eliminação nas quartas de final da Copa América. Já nas Eliminatórias, chegou a encerrar uma sequência de três derrotas seguidas diante do Equador, na última semana, mas voltou a perder para o Paraguai.

A seleção brasileira ainda não conseguiu se encontrar no ciclo para a Copa do Mundo de 2026, mesmo quando Neymar esteve em campo. Mas é inegável que o camisa 10 foi fundamental quando jogou. Nas quatro partidas em que o Brasil pontuou nas Eliminatórias, o craque esteve em campo em três e foi responsável por cinco de sete gols.

A importância de Neymar dentro de campo também é nítida na queda de desempenho dos companheiros. Vini Jr e Rodrygo ainda não parecem prontos para assumir a responsabilidade, mesmo sendo convocados desde 2019 e com experiências em Eliminatórias, Copa do Mundo e Copa América. Sem o camisa 10, a dupla do Real Madrid teve uma queda ofensiva (Endrick tem mais participações em gols).

A dependência de Neymar não assustava Tite nos ciclos para os Mundiais de 2018 e 2022, tanto é que o Brasil chegou a ter 69% de aproveitamento na sua ausência no ciclo para o Mundial da Rússia, além de 71% no caminho para o Catar — com direito ao título da Copa América de 2019. Já para 2026, o aproveitamento sem o camisa 10 é inferior a 50% e assusta Dorival Júnior.

Neymar está em fase final de recuperação e próximo de retornar aos gramados pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita. A seleção brasileira conta os dias pelo retorno do craque, que ainda não deve ficar à disposição para a janela das Eliminatórias em outubro. A expectativa é pelo retorno em dezembro, quando o Brasil encara Venezuela, fora de casa, e Uruguai, em casa.